Hoje é aniversário daquele que me apaixona e encanta, alegra e orgulha, assusta e admira. Vejo o mesmo homem de dez anos atrás e ele é tão perturbadoramente o mesmo, mas tão desafiadoramente diferente...
Continua a ter os olhos curiosos de criança - incapazes de esconder o que sentem. Mas também ganhou no brilho a serenidade de quem sabe o que quer, com a segurança de quem tem nas mãos uma bússola e no coração uma certeza.
Meu amor é samba de poesia tão simples quanto sábia do Cartola; feito da pureza das coisas brutas que prescindem do lapidar que falseia seu valor.
Posso vê-lo no Clube da Esquina, curvado sobre seu violão canhoto cantarolando “Se já nem sei o meu nome, se eu já não sei parar...”, agudo e arrastado na suave melodia de Manuel Audaz. Mas não carrega só a melancolia típica dos poetas, e a introspecção dos mineiros: tem a perseverança dos que quietos trabalham pelo porvir tendo no coração o moleque que vence a porteira, ou alcança a janela.
Ele é violão dedilhando Lô Borges. É o som negro de Cassiano, a versatilidade de Ed Motta, e a diversa musicalidade de Djavan. Ele é Gilberto Gil e sua impossibilidade de definição.
Alexandre, meu amor, é música.
É o pulsar da Timbalada, a bandeira e a mistura do Chico Sciece; É a quietude de Sá e Guarabira tanto quanto Beatles, Queen, Iron Maiden, Steve Wonder e Dave Matthews. Tem a inquietação do Ira, dos Paralamas, dos Titãs... É Caetano cantando “quero um baby seu”, Ivan Lins em “guarde nos olhos”, João Bosco e sua “memória da pele”. É “tonelada de desejo” do Bronw, a ladainha do “vestido de chita” de Daniela Mercury, e o “Assum preto” do Gonzagão.
Meu amor, Alexandre, é sobretudo, música. E uma é mais do que as outras: Caçador de mim.
Ali o vejo definido: doce ou atroz, manso ou feroz, entregue a paixões, movido por elas. Vejo nele a incessante busca por si mesmo cantada por Milton Nascimento. Ele repete que não há nada a temer senão o correr da luta; que não há nada a fazer senão esquecer o medo. E assim tem ido longe. Assim tem sonhando em ir além. Assim tem superado medos, incertezas, obstáculos. Assim tem se descoberto mais que caçador: vencedor. Não aquele que ergue o troféu, mas aquele que já venceu a si mesmo na luta pelos primeiros passos.
Meu amor é minha trilha sonora.