terça-feira, 24 de maio de 2011

Caçador de si

Hoje é aniversário daquele que me apaixona e encanta, alegra e orgulha, assusta e admira. Vejo o mesmo homem de dez anos atrás e ele é tão perturbadoramente o mesmo, mas tão desafiadoramente diferente...

Continua a ter os olhos curiosos de criança - incapazes de esconder o que sentem. Mas também ganhou no brilho a serenidade de quem sabe o que quer, com a segurança de quem tem nas mãos uma bússola e no coração uma certeza.

Meu amor é samba de poesia tão simples quanto sábia do Cartola; feito da pureza das coisas brutas que prescindem do lapidar que falseia seu valor.

Posso vê-lo no Clube da Esquina, curvado sobre seu violão canhoto cantarolando “Se já nem sei o meu nome, se eu já não sei parar...”, agudo e arrastado na suave melodia de Manuel Audaz. Mas não carrega só a melancolia típica dos poetas, e a introspecção dos mineiros: tem a perseverança dos que quietos trabalham pelo porvir tendo no coração o moleque que vence a porteira, ou alcança a janela.

Ele é violão dedilhando Lô Borges. É o som negro de Cassiano, a versatilidade de Ed Motta, e a diversa musicalidade de Djavan. Ele é Gilberto Gil e sua impossibilidade de definição.

Alexandre, meu amor, é música.

É o pulsar da Timbalada, a bandeira e a mistura do Chico Sciece; É a quietude de Sá e Guarabira tanto quanto Beatles, Queen, Iron Maiden, Steve Wonder e Dave Matthews. Tem a inquietação do Ira, dos Paralamas, dos Titãs... É Caetano cantando “quero um baby seu”, Ivan Lins em “guarde nos olhos”, João Bosco e sua “memória da pele”. É “tonelada de desejo” do Bronw, a ladainha do “vestido de chita” de Daniela Mercury, e o “Assum preto” do Gonzagão.

Meu amor, Alexandre, é sobretudo, música. E uma é mais do que as outras: Caçador de mim.

Ali o vejo definido: doce ou atroz, manso ou feroz, entregue a paixões, movido por elas. Vejo nele a incessante busca por si mesmo cantada por Milton Nascimento. Ele repete que não há nada a temer senão o correr da luta; que não há nada a fazer senão esquecer o medo. E assim tem ido longe. Assim tem sonhando em ir além. Assim tem superado medos, incertezas, obstáculos. Assim tem se descoberto mais que caçador: vencedor. Não aquele que ergue o troféu, mas aquele que já venceu a si mesmo na luta pelos primeiros passos.
Meu amor é minha trilha sonora.

domingo, 8 de maio de 2011

Por ela, Luísa.


Há muito era anunciado que dali por diante, tudo seria por ela. Na barriga, ouvia o ninar da canção que inspirou seu nome: Luísa. Fora do ninho da mãe, aconchegada pela primeira vez no ninho do pai, ouvia a conhecida cantiga.

Mamãe da cama acompanhava o ir e vir do papai com a cria nos braços. Mãos grandes de delicadeza. Braços fortes de vencer a vida em nome dela. Já se sabia, mas naquele instante tudo se tornava mais claro e real.

Um rir de olhos, uma voz de veludo, e papai arrumava jeito de acomodar nos braços sua maior riqueza. E se ouvia o cantar doce de Chico... e se se pudesse apurar um tanto mais os ouvidos, ouvir-se-ia também o coração da mamãe em sossego, o coração do papai em compasso, e o coração da Luísa, em sua certeza-anjo de estar em bons braços.

Por ela. Por ela, e para ela. De sempre, e mais adiante, o amor se desdobrará em cuidados cotidianos, e em tudo o mais enquanto possa, para que ela durma e viva em paz.

Luísa é filha do meu enteado  Alexandre Júnior, e da minha amiga Ana Izabel. 
E é dando o "Primeiro Feliz Dia Das Mães" para essa mamãe, que homenageio todas as outras. 
Paz e Bem!