quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SEGUNDA: FÁCIL – Jota Quest



Tudo é tão bom e azul
E calmo como sempre
Os olhos piscaram de repente
Um sonho
As coisas são assim
Quando se está amando
As bocas não se deixam
E o segundo não tem fim
Um dia feliz
Às vezes é muito raro
Falar é complicado
Quero uma canção
Fácil, extremamente fácil
Pra você, e eu e todo mundo cantar junto
Fácil, extremamente fácil
Pra você, e eu, e todo mundo cantar junto
Tudo se torna claro
Pateticamente pálido
O coração dispara
Se eu vejo o teu carro
A vida é tão simples
Mas dá medo de tocar
As mãos se procuram sós
Como a gente mesmo quis
Um dia feliz
Às vezes é muito raro
Falar é complicado
Quero uma canção
Fácil, extremamente fácil
Pra você, e eu e todo mundo cantar junto
Fácil, extremamente fácil
Pra você, e eu, e todo mundo cantar junto

Esta foi, na verdade, a primeira música que chamamos de “nossa”. Quando nos conhecemos, esta era a música mais tocada nas rádios e festas de Teresina. E virou nossa marca. E todas as vezes em que a gente se desentendia (e não eram poucas), ela tocava. A gente se olhava, sorria, e fazia as pazes. Era uma espécie de sinal. Coisa tola de gente apaixonada, claro, já que era natural que a música de maior sucesso no Brasil naquele ano, tocasse o tempo todo.

Parecia falar da gente. Nos sonhos, na urgência do amor que parecia não ter tempo de esperar. No coração em disparada em todos os encontros. E o nosso desejo de que tudo fosse “fácil, extremamente fácil”.  

Hoje, quando toca “fácil”, a gente ainda se olha com aquele mesmo olhar de cumplicidade, e ri, lembrando do tempo em que pensava que ela tocava só pra gente.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"razão pra poder seguir"





Semana que vem é nosso aniversário de casamento. Cinco anos. Em maio, dez anos juntos. Desde o dia em que nos conhecemos, lá se vão quase doze anos.

Como a música sempre foi um elo, e uma forma de comunicação pra nós, mesmo quando não estivemos juntos, vou comemorar nosso aniversário postando algumas músicas que foram marcantes, e porque não dizer decisivas, nas nossas vidas, na nossa história.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A menina que senta na frente


A menina que senta na frente prende parte dos cabelos no alto da cabeça e deixa pender os cachos por sobre o ombro. Recende deles um cheiro bom de manhã com café e leite. 

A menina, quando senta na frente, deixa as pernas balançarem sem que os pés toquem o chão, e me carrega por minutos cheios de muitos segundos no vai e vem das pernas dela, enquanto o professor fala de algum assunto alheio ao movimento cadenciado e leve da existência dela.

A menina, finda a aula, presa no meu olhar infinitamente atento, apóia o pé esquerdo no chão, gira o corpo, ergue o quadril, e arruma com as mãos a blusa que mantém sempre dentro da calça. Meu coração, inda quieto de contemplação, principia disparada.

A menina vem morena e graciosa com sorriso de inacessível ‘nota dez’ para o meu saber parco e interesse pouco das coisas que não são dela. Tem um sorriso gigante de uns dentes imperfeita e lindamente colocados. Uns olhos pretos emoldurados por longos cílios. Um rosto comprido e fino, incapaz de abandonar meus pensamentos por um segundo que seja.

Da menina tudo pertenço, e de tudo me apodero: o andar macio com os pés afastados como relógio que marcasse dez pras duas, da testa alta e inteligente, dos óculos sempre levemente borrados, do jeito de cingir as sobrancelhas quando duvida de algo, do cheiro de lavanda, das coisas que dia a dia descubro no meu acanhado e silencioso observar.

Vem a menina que senta na frente e passa pelo invisível. E mora no invisível. E ocupa todas as coisas possíveis do invisível ser que a adora.

imagem, fonte: http://kaliblog.blogspot.com/2004_08_01_kaliblog_archive.html