Descobri: sou colecionadora de delicadezas. E quanto mais
dessas joias vivo, vejo, e guardo, mais rica fico. A que ganhei essa semana
começou como agradecimento à Dona Saló no mural de Fátima Rabêlo, e me chegou
em abraço apertado e emocionado horas depois. Pouco importou se não conhecia
Gilka: um amor aos meus é como meu velho conhecido. E eu, naquele abraço, senti
como que parte da história daquela amizade longeva.
Gilka, que eu conhecia apenas pelas palavras de carinhos das
minhas sogras, um dia antes da partida da nossa querida, publicou fotos do
“balanço”, presente da Dona Saló para seus filhos. Quando soube da triste
notícia, contou emocionada sua chegada em casa com a filha nos braços, sendo
por ela recebida, e ouvindo “seja bem-vinda, Lucianinha, essa é a Vovó Saló”. E
ela foi para aquela jovem vizinha, por alguns anos, o que soube ser de melhor:
mãe!
Como mãe foi de grande parte dos empregados, ajudando em sua
formação, estimulando-lhes o crescimento, como bem lembrou Sebastião -
ex-funcionário e hoje Advogado -, também um filho seu, como fez questão de
dizer no sepultamento quando rendeu homenagens a ela.
Mãe do morador de rua, que mesmo com muita dificuldade de
locomoção subiu dois lances de escada apenas para se despedir, como disse,
daquela que “muitas vezes matou minha fome”.
Era como mãe que acolhia. Que alimentava quem tinha fome.
Que acalentava quem tinha medo. Que abrigava quem precisa. Que aninhava suas
joias preciosas, seus filhos, netos, bisnetos e tataraneta a quem amava. Que me
transformou em filha. Que viveu, como poucos, a doação.
Das delicadezas que pude guardar desses dias, e que vai
ficar em destaque no meu coração, uma ficou mais forte, talvez porque
represente bem um sentimento que me é tão caro: as flores penduradas ao portão.
Foi uma forma de retribuir e agradecer algum gesto de bondade dela. Representam
gratidão, por certo.
Essas pequena demonstrações de carinho é que confortam o
coração de quem ama e sentirá tantas saudades, bem como a certeza da missão de
semeadura de amor e generosidade, cumprida. E nossa querida Saló cumpriu essa
missão com louvor!
Muito louvor, eu diria. Um beijo, Sankinha.
ResponderExcluirBeijão, Mamá, e obrigada!
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