quinta-feira, 10 de março de 2011

Descor




Sobra cinza no dia. Descorada alegria desbotou. Mais. Ainda mais. Cor de junção de chão. Quina de móvel há anos imóvel. Esquecido no lugar. Cinza sombra de tempo. Palavra rabiscada a grafite. Despelando do corpo das coisas ditas. Esmaecida. Desconjuntada. Isolada. Perdida do que foi. Poeira do que sobrou. Cinza poeira da brasa que ardeu. Um dia ardeu. Sopra. Sopra. Assopra. Nada. Dança cinza fecha a cortina. Nada. Nem pingo. Nem vermelho. Nem laranja. Nem amarelo. Nem esperança de cor no carvão. Melou. Olho cinzento d’água. Do que foi, do que poderia ser, do que teria sido se não fosse... se não fosse adeus.